quarta-feira, 11 de março de 2009

da Poeta Ione Jaeger





O poeta é um louco.
Não é o louco um poeta.
Ao poeta é dado dizer loucura equilibrada,
insanidade sadia, bonita.
Sou poeta de dar com pau
na arte de poetar,
faço versos que não têm eira,
nem beira,
não diz "alho, nem bugalho"

Procuro às vezes uma rima
– jequitibá, casuarina, carvalho -
cuidando com a beleza, a pureza,
Sou donzela!!!

Faço das minhas mazelas
poemas psicóticos
com traços paranóides e
muitos esquizóides.

Para minha loucura não há cura,
e os meus versos neuróticos
pensados na madrugada insone
me consomem a alma,
aniquilam o corpo.

Perdi a razão de viver
com pensamentos arrumados.


A cama é fria, o leito abandonado,
o travesseiro um dromedário corcova sob a cabeça
no deserto da tua frieza, tua indiferença!
Procuro um intermediário, o fiel da balança:
lembrar e esquece,
viver e morrer
chorar e sorrir
amar e odiar...

O que resta?
A crença, a confiança de ser poeta
faço a vida feliz
vivo a alegria do amor
no encontro da dor
e do prazer

Ione Jaeger - 2/05/96 (Do livro STRIP-TEASE, 1997)

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