quinta-feira, 23 de julho de 2009

Elenir Burrone -cachorro não é gente

Adeus a Capitu ...O clichê diz que o cão é o maior amigo do homem. Amigo tem uma raiz linguística fascinante que identifica a palavra com o amor, outra palavra interessante, que tem uma parte de delícia, prazer e malícia e outra de dor. Um parente disse, incautamente, que “cachorro também é gente”. Acho que não soube formular exatamente o seu conceito: cachorro não é gente, tem as prerrogativas de gente porque se coloca ao nosso lado, mas tem algo mais, que só se revela quando olhamos para ele e enxergamos a busca de nós mesmos. Seus olhos, nesse momento revelam-nos o que somos: queridos ou abominados. Cachorro é espelho....
Nele podemos ver-nos com a nudez da verdade, se é que ela existe. O que via, nos olhos de Capitu, era comoção, era resignação de quem busca e sabe que nunca vai encontrar porque o mistério é o limite que nos foi imposto. Ontem tive que dizer adeus a Capitu. Ela se foi. E eu não me encontro em Camões e acho que nunca mais terei para onde olhar e ver-me tão bem refletida como em suas pupilas tão lindas de cor tão indefinível, tão indefinível como é o mistério da vida e da morte.- Elenir Burrone in -Adeus a Capitu

Um comentário:

  1. Adorei que nos trouxe essa Crônica Vi Grata!

    Quanto carinho em tua crônica Elenir!
    Linda e emocionante homenagem a Capitu
    Escreves com uma delicadeza encantadora!
    Parabéns e grata por compartilhar
    beijos carinhosos da Eliana

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